Experiências - v20 - Um começo às cegas

Rolagem de dados:

- Tudo bem senhor Acácio, mas não me faça vir puxar o senhor pela orelha para comer ta bom? A senhora não me deixou levar uma canja de galinha pro senhor lá na casa da piscina, então eu sei muito bem que o senhor não comeu nada o dia todo. Se não se alimentar, não vai ficar melhor. - Ela da as costas e volta para cozinha para quardar o prato na geladeira como instruida.


Uma vez sozinhos Marillia responde.

- Vou participar sim, a Tereza estranhou você não estar na cama quando ela veio nos acordar de manhã, falei pra ela que você precisava descansar depois de uma noite dificil e por isso tinha ido dormir na casa da piscina, que era pra ela deixar você dormir. - Marilia diz normalmente, mas ao terminar de falar ela abre um sorriso e da uma leve risadinha.

- Ela então que você chegou em casa bebado e eu mandei você ir pra casa da piscina por causa do cheiro da bebida... Nossa filha é inteligente demais para o bem dela...

Zé sorri também.

Zé Acácio

– Ela puxou isso de você. Bem, vou dar uma olhada nela e depois vou para o escritório, ligar para o Tonho.

Deu um selinho na esposa e foi procurar a filha.

Rolagem de dados:

Zé se despedia da esposa com um selinho e então ia procurar a filha pela casa. Ao entrar na Bibloteca da casa e chamar o nome de Tereza, perguntando se ela estava lá, o vampiro percebia que ela estava sim na biblioteca.

Ela havia escalado uma das prateleiras altas da biblioteca e ao chamar pelo nome da menina, fez com que ela tomasse um susto e perdesse o apoio dos pés, a prateleira tinha facilmente duas vezes o tamanho da menina, seria uma queda e tanto.

- Ahhhhh!!!

A menina gritava com o susto de perder o chão sob seus pés e sua perspectiva rapidamente mudar, ela estava vendo agora o teto da biblioteca se afastar em camera lenta dela.

Zé estava do outro lado da biblioteca, quando viu sua filha caindo, o instinto parental se ativava e ele corria o maximo possivel para pegar a filha, zé se joga no chão nos últimos metros e consegue amortecer a queda, a pegando em seus braços meio segundo antes dos dois encontrarem o chão.

Porém zé estava longe demais quando Tereza caiu, ele sabia no fundo do seu consciente, que não conseguiria chegar até ela tempo, isto é, se Tereza tivesse caido antes de Zé receber aquele bilhete.

O mundo parecia em câmera lenta.

Eu quase posso sentir meu coração morto subir até a boca enquanto minha filha caía. Foi praticamente instintivo, havia fogo em meu peito. Fogo que movia-se por meu corpo, queimava meus músculos. Pernas, braços, mente. O pequeno corpo de Tereza se aproximava do chão. Saltei e consegui agarrá-la antes que se machucasse.

Ergo-a nos braços, abraçando-a, enquanto percebo a distância que havia percorrido em um instante. Caramba, o que foi isso? Esse foi um dos benefícios que aquele crápula falou?

Ponho Tereza no chão e com um joelho no chão faço meu tom de voz mais irritado.

Zé Acácio

– Eu já te disse pra não ficar escalando as coisas, Tê! Podia ter se machucado muito!

Rolagem de dados:

A menina parece surpresa de não ter se estabacado no chão, mas também não viu exatamente a que distancia Zé estava dela, então simplesmente considera que ele estava mais perto do que ela imaginava e fica por isso mesmo.

- Mas eu queria pegar o prisioneiro de Azkaban que a mamãe colocou na prateleira de cima... Eu achei que conseguia... Já tenho 10 anos, sou uma menina crescida. - Ela se sentia repreendida, sabia que tinha se arriscado, mas ainda procurava se justificar para o pai.

Nesse momento, chegava correndo Marilia com Isaura logo atrás, pela porta onde Zé estava apenas a alguns segundos atras.

- O que aconteceu? Nós ouvimos um grito. - Dizia Marilia assustada, com os olhos passando rapidamente por todo o cenario para tentar entender o que houve.

Zé Acácio

– Nossa filha resolveu brincar de Lara Croft e escalar a estante, mas caiu. Está tudo bem, eu consegui pegá-la a tempo.

Ele cata o livro que a menina queria e se abaixa para olha-la nos olhos novamente.

Zé Acácio

– Meninas crescidas não sobem nos móveis da casa, principalmente estantes e prateleiras! Da próxima vez peça a um de nós para pegar! Vou te dar o livro, mas só em troca da promessa que de não vai mais fazer isso e de um beijo no papai.

Depois da promessa e do beijo na bochecha ele entrega o livro.

Rolagem de dados:

A menina se aproxima para dar um beijo no rosto de Zé e a proximidade dela fazia o vampiro perceber que estava com ainda mais fome do que estava a alguns minutos atrás, ainda era controlável, ele poderia ignorar e fingir que não estava sentindo nada, mas a fome estava ali, a vontade de morder o pescoço de Tereza passava momentaneamente na cabeça do fazendeiro.

- Eu prometo que não vou escalar mais nenhum movel papai, obrigada por me salvar, você é meu heroi. - Depois de prometer e beijar o pai, a menina da um abraço apertado e fica ali por alguns segundos.

Marilia e Isaura se aproximam da cena, ambas com expressão de preocupação em seus rostos.

- Isso foi perigoso, Tê, tem certeza que não se machucou não é? - Marilia pegava a filha que já havia soltado do abraço para investigar cada cm do corpo para ver se estava tudo bem mesmo.

- Tudo bem sim mamae, o papai me pegou antes de chegar no chão. - Ela dizia com um sorriso infantil no rosto.

- Tudo bem então, Isaura, pode levar a Tereza pro quarto dela? preciso falar uma coisa com o Zé a sos.

A empregada concorda com a cabeça e pega a mão da criança para irem juntas para fora da biblioteca, uma vez que o casal estava a sós, Marilia desmorona em uma cadeira ali perto, parece que havia envelhecido 10 anos de um minuto pro outro.

- Eu pensei que havia acontecido alguma coisa... Você ouviu o grito dela? Foi de puro medo Zé... eu pensei que... - Ela começa a lacrimejar e leva as duas mãos até o rosto para esconder o choro.

Eu estou completamente ciente do horror da situação, do desejo absurdo por morder minha filha, mas preciso tentar levar tudo no melhor modo possível. Acostumara-me a ver Marília como uma mulher muito forte, mais forte que eu mesmo, e me surpreendo um pouco por sua reação. Penso um pouco antes de decidir o que dizer. Por fim avanço e a abraço.

Zé Acácio

– Eu sei que isso é tudo novo, eu sei que é assustador. O que aconteceu com Ildalino foi... horrível. Mas não era eu, eu não estava no controle, foi aquele que me transformou. Mas agora é diferente, agora estou no controle. Precisamos permanecer unidos, Marília, ou tudo vai desabar. – E nem tudo é ruim. Na verdade era para Tereza ter caído no chão, mas alguma coisa aconteceu. Tudo ficou lento de repente e me vi alcançando-a. Veja, eu estava ali na porta e ela já estava em queda. Nenhuma pessoa normal poderia tê-la alcançado. No fim, eu só a salvei porque sou um vampiro.

Realmente não me sinto tão confiante quanto digo, mas era preciso fazer minhas afirmações com firmeza. Não era o momento de hesitar.

Zé Acácio

– Agora, vamos em frente. Preciso conseguir um meio de obter sangue e também tenho que tentar encontrar outros. Eu não me sinto tão diferente e acho que há outros por aí como eu. Talvez consiga encontrar alguém que me ajude a entender melhor minha condição. Vou ligar para o Tonho agora e conversaremos melhor.

Vou até a mesa e ligo para meu cunhado.

Zé Acácio

– Tonho, é o Zé. É, precisamos ter aquela conversa. Você vem aqui? Bom. Marília vai participar também. Talvez... acho que deveríamos incluir a Rosana. A família precisa estar unida agora, mais do que nunca. Bom, você decide.

Desligo o telefone e ligo o computador. Tive essa ideia logo antes de "apagar" ontem à noite. Entro no Google e digito "vampiro", "fraquezas", "sangue", "vomitar comida", entre outras palavras-chave. Minha esperança é que alguma coisa apareça.

Off:

Rolagem de dados:

Parece que saber que se Zé não fosse um vampiro naquela hora, provavelmente Tereza teria se machucado feio ajudava Marilia a se acalmar, ela respirava fundo e tentava engolir o próprio choro.

- Tem razão, temos problemas demais para resolver, não é hora de se abater. - Ela dizia com uma voz mais forte e determinada, enquanto limpava as proprias lagrimas com as costas da mão.

Durante a ligação Tonho informa a zé que logo mais estaria chegando na casa deles, que iria só tomar um banho e ir, ele concorda em levar Rosana também.

Durante o meio tempo, Zé pesquisava na internet sobre vampiros.

Ele encontrava varias lendas populares sobre vampiros, entre as fraquezas mais conhecidas estavam a luz do sol, alho, crucifixos, agua corrente, fogo. Em um desses foruns da internet ele encontrou que vampiros só se alimentavam de sangue, seus corpos mortos eram incapazes de digerir comida e bebida normal e por isso não conseguiam manter nada dentro de suas barrigas.

Enquanto ele olhava o forum sobre o sobrenatural, ele escutava a campainha tocar, cerca de 3 minutos após ele escutar o barulho, isaura acompanhava o casal de cunhados.

Rosana Duarte:

Antonio Duarte:

O casal se sentava em um sofá proximo da mesa principal onde Zé pesquisava, Marilia se sentava em uma poutrona também por perto, o grupo não estava exatamente junto, mas dava perfeitamente para se ter uma conversa ali sem precisar levantar a voz.

- Como está se sentindo hoje, Zé? Marilia disse que você passou mal com tudo que aconteceu com Ildalino, passou o dia de cama e tudo mais.

Zé Acácio

– Vejo que o Antônio não lhe disse nada...

Ele para um instante, considerando o melhor a dizer. Estava sentado atrás de sua escrivaninha e seus olhos passavam entre as pessoas presentes. Por fim ergueu-se, deu a volta, ficando em pé diante da irmã. Encostou-se na mesa diante e cruzou os braços.

Zé Acácio

– É pior do que pensa, Rô. Nós... eu fui atacado... e transformado.

Zé havia feito aquilo duas vezes já para mostrar que o fato era real e funcionou, então era melhor ser direto.

Zé Acácio

– Por conta desta ataque Ildalino está morto e eu... eu sou um vampiro.

Então novamente mostrou as presas.

Zé Acácio

– Eu estive inconsciente ao longo de todo dia, creio que minha raça não pode permanecer desperta enquanto o sol brilha.

Aquela informação ele ainda não havia compartilhado com os outros dois – até porque ele só ficara sabendo recentemente.

Rolagem de dados:

Antônio Duarte

– Sim, não achei que ela fosse acreditar se eu falasse, achei melhor você contar.

Ele diz enquanto balança a cabeça positivamente, discretamente pegando a mão da sua esposa, pois já estava prevendo que viria a seguir.

Rosana não sabia exatamente o que esperar dos próximos minutos, mas aceitava a mão de Tonho e prestava bastante atenção ao que Zé dizia, sua expressão era seria, ela praticamente nem piscava.

Até chegar ao momento que Zé mostrava seus dentes protuberantes, Rosana não se assusta ao ver aqueles dentes, sua expressão inabalada, nem mesmo um leve susto ela tomava. Ela balança a cabeça em forma negativa, uma expressão de decepção começa a tomar conta dela.

Rosana Duarte

– Vai a merda Zé, Ildalino morreu e você fica ai brincando com dente postiço?

Ela se levanta da cadeira, e se aproxima do vampiro para lhe dar um tapa no rosto e em seguida vira as costas e vai em direção da saída.

Marília Acácio

– Rosana, é a verdade... Infelizmente é a verdade.

Marilia falava um pouco mais alto, antes de Rosana sair do aposento, o que faz com que a irmã pare onde estava, porém ainda de costas para o resto da família.

Rosana Duarte

– Vocês três estão juntos nisso? Não tem um pingo de respeito pela memoria de Ildalino? O enterro dele foi hoje pelo amor de Deus, tenham vergonha na cara.

Rosana estava ficando visivelmente irritada com tudo aquilo, ela respira fundo e se vira para a familia novamente.

Rosana Duarte

– Uma chance, me prove que vocês não estão com alguma brincadeira de mal gosto, se não eu vou embora, e não me venha com esses dentes postiços, um dentista pode fazer próteses tão boas quanto. Certeza que você pediu para o Dr. Alfredo faze-las pra você lá em BH.

Me sinto ofendido quanto Rosana duvida de minhas palavras. Mas que caralho, ela é minha irmã mais nova e me deve respeito! Sou o patriarca desta família, o senhor desta casa e o líder desta cidade!

Eu me ergo contendo minha irritação e sinto algo rosnar dentro de mim. Que merda, não posso nem ficar com raiva mais? Eu teria respirado fundo, mas noto que esses fenômenos corporais típicos dos vivos não me afetam mais. É só um detalhe naquele momento – bem, sempre fui um homem pragmático e aceitar a situação como ela é faz mais meu estilo. Não vou ficar chorando pelos cantos como o personagem do Brad Pitt naquele filme de vampiros que ele fez.

Zé Acácio

– Rosana!

Ele se ergue, mãos apoiadas sobre a mesa. Então toma uma decisão de supetão – ele simplesmente anda até ela.

Para ele era como andar, mas consegue ver o tempo quase parar, como se tudo estivesse em câmera lenta. Para os mortais ao redor era como um borrão movendo-se pelo aposento à uma velocidade impossível de acompanhar com os olhos. Zé para diante da irmã, olhando-a nos olhos, ainda irritado. Então sente uma autoridade que flui dentro de si – um sentimento geral de autoconfiança absoluta o toma, uma percepção clara de sua própria posição naquela sala.

Zé Acácio

– Eu nunca brincaria com algo tão sério! Agora respeite seu irmão mais velho e sente-se!

Havia algo em sua voz além das palavras. Havia poder.

Off:

Rolagem de dados:

Claramente Zé havia ficado balançado com a reação forte de sua irmã, após ele chamar o nome dela e dar um tapa na mesa, o ambiente ficava completamente em silencio, Marilia e Tonho que sabiam a verdade e do que Zé era capaz trocavam olhares entre si, estavam visivelmente preocupados, mas apenas se limitavam em observar.

Zé ia até Rosana em uma velocidade surpreendente, que para ele era como simplesmente caminhar e a olhava nos olhos e brigava com ela.

Rosana olhava desafiadoramente para o irmão, enquanto ele falava, até que ele mandava a mulher sentar e como em um passe de magica, os olhos de Rosana perdem a vibração, perdem o ar de desafio e ela fica em uma expressão neutra, vazia.

A moça não fala nada, apenas se abaixa e se senta no chão.

off: A titulo de roleplay decidi não rolar dado para o uso da dominação, para o personagem descobrir que é capaz.

Zé esfrega a testa, frustrado.

Zé Acácio

– Que droga, Rosana...

Ele a ergue gentilmente e a conduz até o sofá. Estala os dedos na frente do rosto dela um pouco. Ele mesmo não sabia o que havia feito direito, mas ao que parece além de supervelocidade ele também era capaz de controlar os outros. O que mais era capaz?

Zé Acácio

– Você está bem? Desculpe por isso, não foi intencional, não sabia que podia fazer isso até agora.

Agora ele estava abaixado diante da irmã, segurando suas mãos entre as dele.

Zé Acácio

– Acredita em mim agora?

Rolagem de dados:

Zé tenta pegar as mãos de Rosana para levanta-la mas a mulher resiste, ela coloca todo seu peso e força para continuar ali sentada no chão, ela tenta se soltar de você, mas não consegue.

A irmã continua com os olhos sem brilho, olhando para zé com atenção.

Antônio Duarte

– Ei Zé, o que você fez?

Tonho se levantava da cadeira e ia até Rosana, para olha-la de uma posição melhor, ele estava claramente preocupado e apreensivo com Rosana. O cunhado se posiciona atrás de Zé, olhando para a esposa e rapidamente percebe que ela está em um estado de hipnose.

Marília Acácio

– Zé pelo amor de deus, desfaça isso que você fez.

Ao ver a expressão de Antônio, Marilia também começa a ficar um pouco nervosa, não chega a se levantar de sua cadeira, mas o tom na sua voz é inegável.

Rolagem de dados:

Mais uma vez Zé tenta levantar a irmã do chão e dessa vez o cunhado o ajuda a tirar a mulher que tenta resistir mais é incapaz contra a força conjunta dos dois homens que facilmente a tiram do chão e a levam ao sofá.

Os olhos de Rosana retornam a posição normal e ela olha para os lados um pouco confusa.

Rosana Duarte

– Eu...não tinha controle sobre meu próprio corpo, estive consciente o tempo inteiro, mas meu corpo não respondia, tudo que ele queria fazer era se sentar e ficar sentado...Foi horrivel...- Ela dizia com uma voz um pouco tremula - Eu acredito em você Zé, mas nunca mais faça isso comigo.

Rosana respirava com força e tentava se acalmar agora que tinha o controle de seu corpo novamente. Tonho se sentava ao lado dela e a abraçava para acalma-la da maneira que podia.

Marília Acácio

– Você precisa aprender a controlar esses seus poderes Zé. - Agora que tudo parecia ter se resolvido a voz de Marilia ficava mais tranquila e compassada, estava em seu tom de voz diplomatico.

Antônio Duarte

– Ei Zé, o que você fez?

Zé Acácio

– Não sei, apenas... foi! Pareceu tão natural...

Marília Acácio

– Zé pelo amor de deus, desfaça isso que você fez.

Zé estala os dedos na frente dos olhos da irmã, tenta acordá-la. Por fim ele e o cunhado a põe no sofá, onde retoma o controle.

Rosana Duarte

– Eu...não tinha controle sobre meu próprio corpo, estive consciente o tempo inteiro, mas meu corpo não respondia, tudo que ele queria fazer era se sentar e ficar sentado...Foi horrivel... Eu acredito em você Zé, mas nunca mais faça isso comigo.

Zé Acácio

– Desculpe, não sabia que isso iria ocorrer...

Marília Acácio

– Você precisa aprender a controlar esses seus poderes Zé.

Zé Acácio

– Preciso praticar... o ideal é se tivesse um professor. Infelizmente mamãe não pode ajudar... – Zé deliberadamente evita entrar em detalhes do que ela havia lhe dito. – Mas talvez algum outro espírito possa. Vou precisar da ajuda de vocês, tentarei chamar um desencarnado amigável que esteja disposto a nos dar respostas.

Zé sabia que se havia alguém que tinha real conhecimento sobre sua condição e podia ajuda-lo agora, era o outro mundo. Ele não era ingênuo, nem todos os fantasmas podiam ser confiados, mas se perguntasse a um número suficiente deles, poderia obter alguma informação útil. Ainda estava receoso de encontrar outras de sua raça sem um conhecimento real de como aquele mundo sombrio funcionava.

Zé Acácio

– Mas os espíritos veem tudo do outro lado, Tonho. Concordo que podem não me ensinar, mas podem me dar uma ideia das habilidades de um, assim terei uma direção. Também podem falar mais sobre eles. Concordo sobre a indicação, uma direção para seguir, um vampiro que seja como eu, uma pessoa normal, e não como aquele que me transformou. Tudo isso seria útil.

Reparo que minha fome parece ter aumentado um pouco após usar meus poderes. Isso... pode ter relação.

Zé Acácio

– Vou precisar de ajuda para encontrar uma fonte de alimentação, também. Claramente não posso simplesmente matar pessoas... tenho que obter acesso a um banco de sangue ou extrair o sangue de alguém de forma segura.

Fico emocionado com a sugestão de Marília. De fato, eu havia considerado a possibilidade, mas estava sem jeito de pedir. Usar o sangue de pessoas próximas era bem mais fácil.

Zé Acácio

– Obrigado, amor. De fato, eu nunca considerei sair por aí mordendo as pessoas. Podemos tirar o sangue usando as técnicas que a Medicina oferece, com seringa. Só temos que encontrar a quantia ideal. – Agora, quanto à sessão... vamos fazer isso imediatamente. Preparemos a "sala dos espíritos".

Rolagem de dados:

Antônio Duarte

–Vamos precisar contratar uma enfermeira para fazer isso, ninguém aqui presente sabe tirar sangue da maneira correta, estou certo? - Tonho olha ao redor e recebe a confirmação de Marilia e Rosana a respeito da sua afirmação.

--

O grupo então depois de resolver a questão da alimentação de Zé partia para o quarto dos espiritos na casa da piscina e preparava o ritual.

Quando o ritual é concluído, e o medium convoca a presença de um dos espiritos, os quatro membros da familia sentem o ambiente ficar um pouco mais gelado e Zé escuta a voz do espirito.

- Boa noite, criatura da noite e pessoas de bem, o que vocês querem comigo?

Apenas um espirito parecia responder ao chamado de Zé.

Aquilo era inesperado, eu esperava que viessem mais. Mas devo deixar estes pensamentos de lado e me focar na oportunidade.

Zé Acácio

– Boa noite, Espírito. Sou José Acácio. Fui tornado uma "criatura da noite" noite passada e preciso do auxílio dos Espíritos Superiores para que me guiem nesta hora sombria de minha existência.

Espírito

– Guia? Os seus não costumam deixar a prole correndo livremente, onde está o seu criador?

Zé Acácio

– Meu criador me largou, não sei onde está. Deixou-me apenas um bilhete ridículo.

Espírito

– Eita. – O tom da voz do espírito era de surpresa, como se tivesse ouvido algo divertido. – Nem mesmo os mais caóticos fazem isso, normalmente eles têm um uso específico para se reproduzir. – Ele faz uma pausa. – Das duas uma: ou você está realmente sozinho ou seu criador tem planos pra você. Independente do que for... você não vai gostar.

Aquilo me deixa incomodado. Também não gosto do tom na voz da entidade.

Zé Acácio

– Entendo. Isso só significa que devo me preparar ainda mais. O que pode me dizer sobre minha condição? Minhas forças e fraquezas? Digo, dos vampiros?

Ouço... uma risada?

Espírito

– Você realmente não sabe nada não é? Os seus possuem uma variedade enorme de poderes e capacidades, normalmente os filhos herdam o mesmo tipo de capacidade que os pais e tem mais facilidade de aprender essas habilidades, mas nada impede que eles possam aprender outras capacidades. Quanto às suas fraquezas? Fome, fogo e sol são algo a ser evitado, ou não... Faça o que quiser. Ah sim, melhor tomar cuidado com os membros do clero... Sua espécie e a deles não tem um passado amigável. O deus deles não gosta de vocês, estranho não? Não sei por que...

Agora começo a considerar que novamente convoquei um espírito inferior, zombeteiro. Nenhum espírito superior seria tão mal educado e desrespeitoso.

Zé Acácio

– Onde posso encontrar outros como eu? Que estejam dispostos a me ajudar?

Escuto outra risada. Algo dentro de mim rosna levemente.

Espírito

– Você é divertido... Sua espécie é uma praga que só não é maioria nesta terra de Deus por que precisam se alimentar dos filhos dele... Do contrário já teriam tomado tudo pra si, cada buraco deste mundo é possível encontrar algum de vocês. – O tom na voz dele é de desdém, desprezo. – Agora quanto a querer ajudar? Sem ter nada para ganhar? – Ele ri novamente. – Se você for ingênuo assim, não vai durar uma semana.

Zé Acácio

– Eu posso pagar.

Espírito

– Dinheiro move a sociedade dos humanos, não a sociedade dos mortos. Pare de pensar como humano, você já morreu...acho que os seus gostam de chamar isso de não-vida.

Agora eu sorrio, percebendo a ironia. Mas continuo no ataque. Afinal de contas, estava conseguindo alguma informação.

Zé Acácio

– Está dizendo que os vampiros não precisam de dinheiro? Não precisam de uma casa? De carro? De empregados?

Espírito

– Claro que precisam, mas isso tudo tem muito menos importância para eles do que para os humanos. Dinheiro é uma ferramenta utilizada para controlar humanos e os humanos vão produzir mais dinheiro, é o grilhão deles afinal de contas... Já sobre os vampiros? A questão é poder, informações, controle, prestígio, pelo menos para os mais velhos é claro, os jovens são como você... Humanos demais, não sobrevivem mais do que sobreviveriam se estivessem vivos.

Agora eu me cansei desse verme petulante e arrogante.

Zé Acácio

– Mas e você, espírito? Conheço mais sobre sua gente do que pode parecer, tenho tido contato com vocês desde que nasci. Sei que muitos de vocês precisam de ajuda para resolver pendências terrenas. Ajuda dos mortais. E que tal a ajuda de um imortal? Se me apoiar, posso, como dizem, "dar uma força". Talvez os mortos não precisem de dinheiro, mas precisam de tantas outras coisas, não é mesmo?

Sinto o ambiente ficar mais frio.

Espírito

– Sua espécie escraviza a minha a séculos, só estou te dando informação por que te conheço de quando era vivo, sua mãe e eu temos história, mas não pense por um segundo que somos amigos Zé, que eu gosto da sua espécie. Conheço essas promessas, vocês chegam cheios de palavras bonitas, prometem ajudar, prometem mundos e fundos, mas quando os meus aceitam, ficam presos ao vampiro até ele morrer... E um vampiro tem uma LONGA vida... Então não me desrespeite com a sua demagogia garoto, eu sou mais velho e mais esperto que você.

Esperto? Rá.

Zé Acácio

– Se fosse tão sábio assim saberia que ainda sou o mesmo José Acácio de sempre e nunca deixo minhas promessas e compromissos de lado. Você não quer me ajudar? Muito bem. Encontrarei quem queira. Podemos encerrar por aqui.

Espírito

– Sim, todos vocês pensam isso... No começo, mas o sangue fala mais alto.

Zé Acácio

– Você é só um racista. Adeus.

O ambiente volta ao clima normal e sinto a presença diminuir e diminuir. Ele se foi, finalmente.

Isto não funcionou como deveria. A reunião deveria servir para facilitar o contato com espíritos superiores, amigáveis, mas trouxe apenas outro espírito zombeteiro. Eu decido tentar mais uma vez, mas ninguém responde desta vez.

Vejo os outros agora. Os três me encaram em dúvida. Eles não ouviram o espírito, somente minha própria voz dialogando com ele.

Zé Acácio

– Infelizmente acabamos por convocar um espírito inferior. Mas consegui arrancar algumas coisas dele, então não creio que foi uma perda de tempo total.

A conversa com o espírito havia trazido algumas informações relevantes, entretanto. Estive muito afoito para encontrar outros como eu, talvez por uma sensação de reunir-se com outros "no mesmo barco". Mas isso podia ser perigoso. Era melhor lidar com o que já conheço: buscar aliados entre os desencarnados. Havia muitos espíritos inferiores dispostos a pedir ajuda aos encarnados para resolver pendências – os fantasmas tinham seus próprios "grilhões" que os prendiam ao mundo físico. Se uma pessoa comum podia ajudar um fantasma a resolver seus problemas menores, imagine o que um vampiro podia fazer?

Não me sinto preocupado com as bobagens do fantasma sobre "o Deus dos padres não gostar de minha gente." Deus era infinito amor e justiça, ele nunca iria punir alguém apenas por ser um vampiro. Aquilo que me ocorreu é apenas carma – talvez eu mesmo tenha sido um caçador de vampiros em uma vida anterior e fui condenado nesta a sentir na pele o que é ser um membro da raça. Mas a Igreja já perseguiu pensadores livres como Giordano Bruno e não duvido que tenha mesmo caçado vampiros – talvez deva evita-los mesmo.

Zé Acácio

– Vou tentar outro contato depois. Por agora, acho que vocês precisam descansar, não é? Eu não tenho escolha a não ser ficar acordado a noite toda, então vou ficar aqui e pensar. Acho que vou tentar achar mais sobre vampiros na Internet.

Rolagem de dados:

Todos os membros da familia concordavam que estava ficando tarde e que o dia começava cedo amanhã e por isso eles se despedem com calma e finalmente deixam zé sozinho o escritório para fazer as pesquisas dele sobre os vampiros.

Durante a pesquisa, o vampiro encontra um forum bastante promissor entitulado " Mordendo e Lambendo" era um forum pequeno que não ficava nos caminhos normais do google, o vampiro havia o encontro por puro acaso.

O forum era um espaço de discussão entre 4 usuários que se diziam vampiros e que gostavam de relatar como eram suas caçadas noturnas de alimentação, obviamente a pagina inicial do forum estava cheio de mensagens dizendo que tudo aquilo era obra de ficção e que qualquer semelhança com a realidade era mera coincidência.

Lendo uma postagem de um usuário chamado "Rosário" ele entendeu o motivo do titulo do forum, aparentemente ao se alimentar o vampiro poderia lamber a ferida do mortal que a saliva do morto fazia com que o ferimento se fechasse, ocultando assim o ato da alimentação.

Em uma postagem do "Cobra", ele relatava que perseguindo um mortal na casa dele e a piscina dele estava coberta, o cobra não tinha visto que era uma piscina coberta por que estava escuro e quando ele pisou naquele "chão" afundou na piscina, por varias horas, ele achou que ia morrer ali naquela piscina se não fosse um parceiro dele que estranhou a demora do Cobra e foi ver o que estava acontecendo, o parceiro teve que pescar o cobra.

Em outra postagem, dessa vez de um usuario chamado "Espelho", este relatava que havia feito a sua vitima cheirar uma carreira grossa de cocaina antes dele se alimentar e a droga misturada com o "Beijo" havia feito o mortal ejacular e gemer loucamente, que havia sido uma experiência sem igual.

E por fim, numa postagem do "Sombreiro" este contava a noite que ele estava cortejando uma loirona gostosa em BH, passou varias horas temperando a mulher e quando a levou pra cama para finalmente foi comer, percebeu que a mulher usava uma corrente de crucifixo na perna e não pode mais se alimentar, ele reclamava que havia sido uma noite perdida, onde ele apenas transou mas não jantou.

Quando Zé olhava o relogio em seu computador, verificava que já eram 3h da manhã.

Fico excitado com aquilo, parecia ser algo real. Correr atrás de pessoas ou fazê-las se drogarem me enoja, mas memorizo o fato de que beber de sangue alterado pode me afetar também. Suponho que deveria evitar o sangue de bêbados ou noiados.

"Morder e lamber" parece uma coisa boa... além disso, algumas coisas me chamaram a atenção na alimentação. Espelho falou em ter feito o mortal "ter grande prazer". Mas ele morreu? Morrer em meio ao prazer? "Beijo" – parece ser um tipo de gíria. Acho que significa "morder", o que não deixa de fazer sentido. Lembrei agora que a Rita Lee tem uma música onde ela fala "venha me beijar meu doce vampiro". Uau, será que os vampiros usam o termo em referência à música? Ou será o contrário? Será que Rita Lee conhece os vampiros?

Deixar isso de lado por enquanto. Confirmo algumas fraquezas como símbolos religiosos. Quais? A cruz, pelo visto. Mas eu levei a Bíblia para a reunião e nós temos crucifixos por todo lado aqui em casa! Será que sou diferente? Mas... espere, ele não conseguiu se alimentar, mas conseguiu tocar nela! Isso é... estranho. E a piscina? Água? Hm... eu lembro de que vampiros não podem cruzar água corrente, mas água parada? Isso é novo! Por um instante minha imaginação me pega e eu imagino vampiros navegando em navios que afundam e eles ficam presos no fundo dos oceanos, cobertos por água. Mas que bobagem a minha, a pressão esmagaria seus corpos mortos com tanta força quanto a dos vivos. Urgh.

Tomo uma decisão. Crio um novo e-mail, uma conta falsa no Google. Com ela peço para entrar no fórum. Penso um bocado no nome antes de me cadastrar. Me lembro de um disco do Iron Maiden e escolho "Sétimo". Uma referência críptica ao fato de eu ser amaldiçoado e também ser um "caçula" entre os vampiros. O e-mail: osetimo777@gmail.com, claro.

O administrador não demorou muito para me aceitar, isso era bom – ele provavelmente estava online. Penso cuidadosamente no meu primeiro post, apago e reescrevo algumas partes. Fica evidente que os vampiros se escondem dos mortais e isso faz perfeito sentido para mim, então tento soar como um "personagem" assim como os demais ali.

Saudações. Embora não seja exatamente jovem entre os mortais, sou o mais jovem entre os jovens "mordedores" e me sinto um pouco perdido. Infelizmente aquele que me concedeu esta... "condição"... me abandonou com apenas um bilhete que mal explicava as coisas. Vejo-os falando bastante de alimentação e, devo confessar, minha primeira experiência na área não foi das melhores. Temo colocar nosso pequeno segredo em risco a qualquer momento por algum erro de principiante. Alguém pode me sugerir como obter sustento sem ferrar com tudo? XD

Agradeço mesmo pelas respostas.

Era isso. Um pouco nervoso, clico no "enviar". E cruzo os dedos com a mão esquerda enquanto a direita fica dando F5 a cada par de segundos. Pra conter minha excitação um pouco ("é um fórum, não o zap-zap", digo a mim mesmo) decido começar o meu diário e abro o Word.