Era uma noite de outono calma quando um dos vigias do estaleiro de Exeter reparou a aproximação de um navio estrangeiro. Era um cog típico. Mastro único, velas quadradas, feito de carvalho. As cores, contudo, não indicavam que se tratava da marinha do império, e isso foi o suficiente para gerar alarde. Em poucos minutos, cinco homens da guarda e mais dois empregados do estaleiro estavam de prontidão, observando o navio que não reduzia a velocidade.
A tripulação parecia não ver a grande fogueira no topo do farol, tampouco parecia ouvir o tocar frenético do sino de bronze. Ele estava cada vez mais próximo. Agora, mesmo na escuridão da noite, era possível ter uma noção de suas dimensões: vinte metros de casco e sete metros de largura. A tonelagem deveria ser, no mínimo, cento e quarenta. O gigante de madeira avançava. A vela não foi levantada, a âncora não foi baixada. Todos perceberam que era inevitável que a embarcação iria abalroar com algum outro navio ancorado ou invadir o estaleiro e acabar encalhando. Os homens gritaram e correram, enquanto o navio chocava-se com outros, causando um estrondo assustador – mas finalmente parando.
Demorou um pouco até que eles criassem coragem para investigar o navio, afinal ele estava encurvado sobre outro, e poderia simplesmente virar. Seu cabo de proa havia se espatifado no impacto, e a âncora estava pendurada de forma perigosa, como se a qualquer momento fosse se soltar. Eles avançaram, por fim, em dois botes, com toda a cautela possível. Os empregados do estaleiro, munidos de modestas lanternas a óleo, gritavam e chamavam por alguém da tripulação, enquanto os soldados empunhavam arcos prontos para disparar, caso alguém da tripulação surgisse demonstrando intenções hostis. Não houve resposta, contudo. A situação frágil do navio durante a noite obrigou todos os que presenciaram o acidente a agir com bom senso, e foi somente ao amanhecer que navio foi rebocado e levado para uma doca apropriada, onde tornou-se novamente seguro subir a bordo.
O navio, agora identificado pelo nome em sua popa, chamava-se La Princesa de Asturias. Não havia sinal de vida no convés. A embarcação parecia de fato abandonada. Isso não causou boa impressão, já que sua chegada agora sugeria, de forma agourenta, um tipo de embarcação fantasma ou mesmo amaldiçoada. Foi somente quando os soldados, vigias e a equipe de investigação chegou ao porão – tendo que, para isso, derrubar a porta a machadadas – que encontraram a tripulação; ou melhor, os pedaços dela. Entre sangue e vísceras, os homens do estaleiro recuperaram – remontaram – vinte e oito corpos. Além da chocante carnificina, a investigação levantou mais um detalhe estranho: o compartimento de carga estava intacto e carregados de ouro e outros objetos e especiarias de valor. Analisando o manifesto do navio, apenas um item de origem e tamanho desconhecidos estava faltando, e a única referência a esse item era a palavra “Ipso”.
De alguma forma alguém – ou alguma coisa – invadiu um navio ainda em mar aberto, conseguiu matar toda sua tripulação de forma bárbara e roubou um único item, deixando ouro e outras riquezas para trás. O relato se espalhou pelo reino, e mesmo tendo sido um evento tão atroz, ele teria, com o tempo, caído no esquecimento, se não fosse a questão de que, depois que o acidente ocorreu no estaleiro, as noites têm se tornado mais hostis e perigosas, com um número de desaparecimentos aumentando cada vez mais, dando a muitos a certeza de que a embarcação era mesmo agourenta e maligna, tendo trazido o infortúnio para Exeter.
Número de Vagas: 5
Local: Império Angevino, mais especificamente território Anglo (Inglaterra)
Cronologia: Agosto de 1197
Regras:
– Somente personagens neófitos, com pontuação padrão.
– A geração padrão é décima segunda. Para evitar a óbvia apelação de todo mundo colocar sétima geração, a seguinte regra entra em vigor: décima primeira e décima custa um ponto, nona custam dois, oitava custam três pontos e sétima quatro pontos.
– Tirar 1 no dado não cancela sucessos, contudo a falha crítica obviamente ainda existe.
– Não haverá restrições de clãs, mas o jogo se passará nos territórios que formam o Império Angevino, logo um personagem de qualquer clã que não é natural dessas terras (exemplo: Tzimisce e Assamita) irá exigir uma boa justificativa de como e por quê ele/ela foi parar lá.
– Só reforçando: estamos jogando Idade das Trevas, então por favor não me enviem gambiarras de fichas de Vampiro a Máscara. Usem a ficha apropriada.