Confiro no relógio. Bem, seria bom sair de casa.
Alex Weise
| – Obrigado, doutora. Demos sorte de estar na cidade – estive fora por um tempo. Estou indo até aí. |
Desligo o telefone e chamou minha guarda-costas.
Alex Weise
| – Emilia, estamos saindo. |
Ela desce as escadas quando termino de por o paletó, um sobretudo e um cachecol. Embora seja inverno, não sinto frio de verdade, mas é bom fingir ser parte da
canaille e proteger a Máscara.
Emilia Tawil
| – Pra onde vamos? |
Alex Weise
| – Ver a Dra. Wade. Ela encontrou um daqueles. |
Emilia Tawil
| – Ó! |
Ela já está vestida apropriadamente com um longo casaco que eu sei conter várias armas pessoais: duas pistolas Glock 9mm (ela sempre diz "quem tem duas tem uma, quem tem uma tem nenhuma"), munição, uma faca de combate, uma estaca de madeira e dois pares de algemas comuns. Uma destas nunca conteria um vampiro, mas ajuda contra mortais metidos a besta.
Eu mesmo levo uma Glock, embora seja péssimo em tiro, mas Emilia insiste. Também levo uma faca, "porque você não tem garras e, além disso, é uma ferramenta multi-uso." Palavras dela, não minhas. Às vezes me pergunto quem é o chefe aqui, mas ela só está tentando me proteger.
Aviso Stephanie, uma das criadas, que estamos saindo e ela nos deseja boa noite e boa sorte, como de hábito. E eu aceno de volta, como de hábito.
Entramos no Escalade, um SUV bonito, grande e, principalmente, adaptado às minhas necessidades: os vidros traseiros eram completamente negros, com bloqueio total contra luz solar, e travados. Podia ser isolado do motorista e o bloqueio acústico impedia "enxeridos", dificultando o trabalho até daqueles com... sentidos mais desenvolvidos. Só tinha dois bancos longos, tipo sofá, invertidos um contra o outro. Computador, internet, TV, rádio. O banco traseiro tinha um truque: o assento podia ser erguido para revelar um caixão forrado com tranca por dentro – para emergências, é claro. Além disso, o banco em si era bem confortável para prover diversão... e principalmente alimentação. Eu já trouxera muitas fontes para cá, pegas em clubes e boates. Todos ganhavam, eu diria. Havia até uma gaveta-freezer debaixo do assento em frente. Era quase uma mini-limosine!
Com tudo isso, o ainda veículo era blindado e a cor preta fosca de sua carroceria facilitava sua ocultação em lugares escuros, dando-lhe um perfil discreto.
No maleiro atrás ia nosso pequeno arsenal: um fuzil, uma escopeta, muita munição, um colete balístico – o necessário para uma pequena guerra, eu diria. Um pouco de sangue armazenado para emergências, também. Tudo podia ser acessado facilmente puxando o encosto do banco.
Se viajar com minha Senhora havia me ensinado é que este mundo das trevas em que vivemos é duro e perigoso e por mais pacífico que eu seja e por mais que tenha conseguido evitar até hoje matar um ser humano, não sei o que será amanhã. Ecaterina – Katherine, devo me corrigir – sempre disse que também conseguiu se preservar bastante nas primeiras décadas, mas que os séculos inevitavelmente cobrariam seu preço.
Katherine Weise
| – Ah, Alex, você às vezes é tão ingênuo, tão doce. Fico um pouco triste quando penso que isso não vai durar para sempre. Bem, mas acho que é importante manter algum espírito humano. Acho que por isso te escolhi. Você me lembra Christian nesse ponto, vocês dois demonstram essa força de caráter. Que bom que não errei com você como aconteceu com Edgardo. |
Eu lembro-me dela dizer isso uma vez. Não sei onde meu "irmão mais velho" está agora, mas soube que Edgardo está em Nova York. Acho que devia procura-lo. De certo modo somos parentes e Katherine me disse que ele poderia se sentir inclinado a aliar-se à Camarilla após tantos anos jogando com os dois lados.
Enquanto me instalo no banco de trás e Emilia põe o carro pra andar, me concentro um pouco. Preciso me inteirar do que está acontecendo em minha cidade enquanto estive fora – ergo o vidro que me separa de Emilia e, como havia planejado antes, convoco Margot.
Alex Weise
| – Margot Saint'clair, você está aí? |
Espero ouvir a voz da menina morta, que tem aquele tom infantil e aparentemente ingênuo, mas contém a experiência de mais de cem anos de vida. E ela sempre parece estar com frio. Será que se estudasse Necromancia poderia ajuda-la mais? É algo que tenho considerado há algum tempo. Claro que encontrar alguém pra ensinar são outros quinhentos.