O Tribuno me parabeniza e confirma a recompensa: um favor de cada um dos Tribunos. Isso... é fantástico. Mesmo que sejam apenas favores, sinto um grande poder nas mãos. É isso, eles
me devem. Sou a porra de um herói para eles, um cavaleiro branco em sua armadura brilhante, e isso me dá
poder!
Rio à toa após desligar, enquanto me aproximo da casa do Paulo. Então ligo pra ele.
Grimaldi, Adze:
Paulo, sou eu, Leo. Como assim, claro que sou eu, rapá! Morri porra nenhuma, tô vivo e tô chegando na sua casa! Vem me receber aqui, que precisamos conversar!O muro é alto, chapiscado. Ao lado o galpão onde fica a empresa de venda de cal dele. Cal. Um bom material para se livrar de corpos. Não é o seu único negócio, ele também tem uma pequena rede de padarias, outra de farmácias e até alguns bares, mas é o principal.
Tem um pouco de cheiro de urina recente – algum filho da puta mijou ali. Aquele bairro era mais ou menos, cheio de altos e baixos e os baixos faziam questão de lembrar aos altos que estavam ali.
Toco o interfone e, após alguns segundos, alguém atende. Voz feminina. Débora, a esposa dele.
Grimaldi: Oi, Dona Débora. É o Leo. Vim ver o Paulo, ele tá me esperando.A mulher fica em silêncio do outro lado por alguns instantes, então solta o lacônico "tá" e libera a porta. Eu entro depois de olhar para os lados e ter certeza de que não tem ninguém ali espiando. Esse bairro não é totalmente seguro, embora não seja dos piores – por isso quem tem dinheiro precisa de muros com cercas elétricas e câmeras, como o Paulo. Que sorte que aquele bruxo não estava preparado assim ou poderia ter sido uma ameaça maior...
Paulo me recebe no seu escritório. Ele parece nervoso. Posso entender o motivo. Principalmente depois que tranco a porta do escritório e, displicente, abro a janela.
Paulo Burlamasque: Mas todo mundo está dizendo que você foi morto...Uma mosca entra na sala, zumbindo. Logo, outras duas.
Grimaldi: Bem... você não está errado. Guina, Galo e Matuto me pegaram de emboscada e me mataram no Céu Anil.Ele fica confuso. Mais insetos entram pela janela e ele faz um gesto para afugentá-los. Dá indícios de fechar a janela, mas eu o impeço.
- Oráculo:
Controlar Insetos: Espírito 4 + Sobrevivência 2 + 1D(7) = 13.
Conter fisicamente Paulo: Vantagem pela diferença de idade e tipo físico, Corpo 3 + Combate Corporal 0 + 1D(2, 2) = 5. Falha.
Dominar a Mente: Mente 4 + Manipulação 2 + 1D(8) = 14. Sucesso. BP +4, possível 5 ordens.
Logo há moscas, percevejos, grilos, pulgas, marimbondos, baratas, besouros... eu salto sobre ele, tentando tapar sua boca e contê-lo, mas falho. Sem opção, concentro o poder de minha autoridade em minha voz.
Grimaldi: Fique quieto! Sente-se!Ele para de se debater e não tenta mais gritar, sentando-se em sua poltrona cujos insetos eu já havia ordenado que se afastassem.
Grimaldi: Bem... você não está errado. Guina, Galo e Matuto me pegaram de emboscada e me mataram no Céu Anil.Os insetos pousam sobre mim, sobre ele, sobre os móveis e paredes. Os terrestres se espalham pelo chão. É horrível.
Mas vai ficar pior.
Por que agora mostro a ele minha verdadeira face. Vejo em seu rosto o desespero ao ver meus olhos escurecerem, minha boca cheia de presas. Eu vou sobre ele, ficando bem perto de seu rosto. Sob meu comando, ele não pode gritar, mas não deixa de ficar aterrorizado. Falo sussurrando.
Grimaldi: Mas eu voltei, Paulo. O Diabo não me quis, então voltei. Mas pior agora. Muito pior. E quero vingança.
E você vai me ajudar. Sirva-me!- Oráculo:
Ação: Conseguir um servo. Espírito 4 + Manipulação 2 + 1D(7) = 13. Sucesso.
Não sei se é o efeito do poder ou a intimidação, mas Paulo concorda em trabalhar comigo. Nem precisei ameaçar sua família, que bom. Mando os insetos irem para fora (mas não os dispenso, posso precisar deles ainda). Agora me sento mais tranquilamente e deixo-o relaxar, aliviando o controle sobre sua mente.
Grimaldi: Vou encontrar aqueles filhos da puta e foder com eles. Por enquanto você não precisa fazer nada, viva sua vida.Paulo Burlamasque: Certo. Sim... sim, senhor.Olho o relógio. Já deu por aqui. Mas antes tem algo que preciso fazer – o demônio dentro de mim demanda o seu preço.
Grimaldi: Corta essa de "senhor". Sou o Leo e pronto. Relaxa, Seu Paulo, pouca coisa vai mudar para você. De vez em quando vou precisar dos seus contatos e do seu dinheiro, mas é só isso.
Ah, e de mais uma coisa...Eu levanto ele da cadeira e o coloco contra a parede, revelando minha face, retomando o controle sobre sua mente.
Grimaldi: ... seu sangue.Ele não consegue gritar enquanto mordo seu pescoço gordo. O sangue dele é gorduroso, mas é bom e a
criatura está satisfeita – vai me deixar em paz pelas próximas noites.
Deixo o homem sentado em sua cadeira, um tanto transtornado, reforçando apenas a necessidade do segredo, inclusive para sua família ("exceto se você quiser incluí-los nisso, o que não acho que seria muito 'pai de família' de sua parte"). Saio pela porta, me despeço da esposa dele, brinco um pouco com a caçula adolescente (os outros dois filhos já são adultos e estão trabalhando ou estudando àquela hora), digo que ele pediu pra ser deixado sozinho um pouco – melhor que se recupere antes de conversar com eles.
Hora de voltar para o meu bairro. Tem mais algumas pessoas que preciso encontrar. É hora de ver Amanda. Não sei se ela teve algum papel na traição que sofri, mas se teve, irá pagar. Se não... bem, deve estar com saudades! O enxame me segue de longe, como um cão bem treinado.
Posso me acostumar com isso.