Embora ainda se sentisse fraco e estivesse caído, a visão de
Tyler voltou e ele se viu rodeado por todos encarando-o.
Nicolle estava mais próxima, enfiando remédios em sua boca e analisando seu corpo, claramente mostrando que tinha conhecimentos de medicina e anatomia. Ela viu um pequeno ferimento no seu dedo mindinho. Não era fundo, mas parecia estar enegrecendo, como se a pele necrosasse ao redor. O mesmo padrão surgia nos ferimentos de Jackie, embora ela não parecesse sentir nada de ruim como Tyler.
Terry tomou a dianteira e levantou Tyler, ajudando-o a se locomover enquanto sugeria alguns planos rápidos e básicos para que o reconhecimento do novo terreno e a obtenção de suprimentos fosse possível. O
Professor ajudou a empurrar o grande portão principal que, por alguma razão estranha, simplesmente estava aberto.
O pátio era arborizado, com gramado bem cuidado e bem aparado e haviam postes em um design retrô, emitindo luz – provavelmente de algum gerador de emergência. Havia uma fonte de pedra bem esculpida no centro que estava seca. Atrás dela uma grande porta dupla e, à sua esquerda, uma porta comum mais estreita. O colosso que era a torre do relógio podia ser visto ainda mais imponente agora, bem acima da entrada principal.
Jackie testou a fechadura da grande porta dupla, mas estava trancada. A porta normal, por outro lado, estava destrancada. Ela olhou rapidamente o corredor adiante esticando a cabeça e tomando todo o cuidado, fazendo um sinal positivo com o polegar para o resto do grupo.
Havia um corredor de chão de azulejos verdes e cor de gelo formando um padrão. A parede direita era formada por grandes janelas de vidros; a maioria quebrada. Haviam quadros chamativos na parede e um grande lustre acima deles que iluminava o corredor, mas todo o luxo do lugar tinha sido maculado pela violência. Além dos vidros quebrados, haviam marcas de balas no concreto e nos paineis de madeira nas paredes, claramente indicando que um conflito pesado havia ocorrido ali – embora não houvessem corpos presentes, somente um pouco de sangue coagulado aqui e ali. Jackie viu que a porta da esquerda estava escancarada e dava para uma pequena capela visível, enquanto a porta da direita dava para o corredor seguinte, onde a placa informava “Sala de Jantar”.
Decidindo não destoar muito do plano original, eles colocaram Tyler para descansar sobre o altar removendo algumas coisas que estavam em cima dele. Terry deixou o taco de Tyler próximo. Jackie e Nicolle ficaram com ele, enquanto o Professor e Terry seguiram para o corredor seguinte para fazer o reconhecimento do lugar e buscar suprimentos.
* * * * *
A sala de jantar fedia a gente morta. Haviam corpos ao redor da grande mesa quadrada de carvalho. Haviam pedaços de pessoas esquartejadas dentro da lareira e embaixo das mesas. Havia até mesmo um corpo empalado pela cabeça na parede. Uma espécie de virote de alta potência estava cravado no mármore da parede segurando o cadáver pela fronte. A sala seguinte, contudo era o hall principal.
O hall era enorme e havia alguns corpos ali; todos eles eram mercenários com a insígnia da Umbrella nas costas. Esses corpos tinham algumas armas interessantes; dois fuiz de assalto, duas pistolas .357 sig e um lança-granadas, com alguma quantia de munição para cada. Fora os corpos, o hall principal ainda conservava seu luxo e sua estrutura quase intacta. Havia uma porta para o corredor seguinte, além de uma grande escadaria para o segundo andar. E falando no andar de cima…
Tum… tum… tum… tum…
Alguma coisa no andar de cima andava pelo chão acima deles. Alguma coisa pesada e, ao mesmo tempo, ágil. Não houve muito tempo para pensar, pois a coisa saltou lá de cima sobre uma mesa de madeira que estava no centro, espatifando o móvel e se revelando.
* * * * *
Tyler conseguiu se levantar, ainda se sentindo enjoado. Aos poucos ele estava voltando ao normal. As garotas ainda o encaravam, sem saber exatamente o que pensar. Jackie fez mennção de dizer algo, mas o barulho de passos acelerados chamaram a atenção dos três. Nicolle pensou que Terry e o Professor estavam voltando, mas então notou que a correria vinha do mesmo caminho que eles vieram.
A porta se abriu e todos se assustaram.
– Ei! Que porra é essa?! Quem são vocês?O mercenário apontava uma submetralhadora para eles, ainda sem saber como reagir.